terça-feira, 23 de abril de 2013

História do dia 1º de Maio


A cada ano, o 1o de Maio rememora o assassinato de cinco sindicalistas norte-americanos, em 1886, numa das maiores mobilizações operárias celebradas naquele país, reivindicando a jornada laboral de oito horas.

No 1o de Maio de 1886, os trabalhadores deviam impor a jornada de oito horas e fechar as portas de qualquer fábrica que não a aceitasse. A demanda de oito horas se transformaria de uma reivindicação econômica dos trabalhadores contra seus patrões imediatos, na reivindicação política duma classe contra outra. 

O plano recebeu uma tremenda e entusiástica acolhida. Um historiador escreve: “Foi pouco mais que um gesto que, devido às novas condições de 1886, se converteu numa ameaça revolucionária”. A efervescência se estendeu por todo o país. Por exemplo, o número de membros da Nobre Ordem dos Cavalheiros do Trabalho subiu de 100.000 no verão de 1885 para 700.000 no ano seguinte. 

O movimento das oito horas recebeu um apoio tão caloroso porque a jornada de trabalho típica era de 18 horas. Os trabalhadores deviam entrar na fábrica às 5 da manhã e retornavam às 8 ou 9 da noite; assim, muitos trabalhadores não viam sua mulher e seus filhos à luz do dia. 

Os operários, literalmente, trabalhavam até morrer; sua vida era conformada pelo trabalho, por um pequeno descanso e pela fome. Antes que os trabalhadores como classe pudessem levantar a cabeça em direção a horizontes mais distantes, necessitavam momentos livres para pensar e formar-se. Nas ruas, trabalhadores revoltados cantavam: Nós propomos refazer as coisas. Estamos fartos de trabalhar para nada, escassamente para viver, jamais uma hora para pensar.

Antes da primavera de 1886 começou uma onda de greves em escala nacional. “Dois meses antes do 1o de Maio”, escreve um historiador, “ocorreram repetidos distúrbios [em Chicago] e se viam com frequência veículos cheios de policiais armados que corriam pela cidade”. O diretor do Chicago Daily News escreveu: “Se predizia uma repetição dos motins da Comuna de Paris”. Nesse dia, 20.000 trabalhadores paralisaram em distintos Estados, reivindicando a jornada de oito horas de trabalho. Os trabalhadores em greve da empresa McCormick também se uniram ao protesto. 

O 1o de Maio era o dia chave para exigir o novo horário; todos os comentários e expectativas estavam centralizadas naquela data, e se aproveitou mais ainda o descontentamento dos trabalhadores e a greve de Chicago. Naquele dia os operários dos maiores complexos industriais dos Estados Unidos declararam uma greve geral. Exigiam a jornada laboral de oito horas e melhores condições de trabalho.

Os acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos da América do Norte em maio de 1886 tiveram uma imensa repercussão mundial. No ano seguinte, em muitos países os operários se declararam em greve simultaneamente, símbolo de sua unidade e fraternidade, passando por cima de fronteiras e nações, em defesa de uma mesma causa. 

Como resultado da greve, os patrões fecharam as fábricas. Mais de 40.000 trabalhadores se puseram em pé de guerra. Começou una repressão maciça não só em Chicago, principal centro do movimento grevista, senão que também por todo os Estados Unidos. A burguesia desatou uma de suas típicas campanhas de propaganda de ódio contra a classe operária e os sindicatos. Aos operários, os encarceravam às centenas.
Em 21 de junho de 1886, teve início o processo contra 31 trabalhadores “responsáveis”, que logo foram reduzidos a 8 trabalhadores. O sistema judicial fez o resto: passou por cima de sua própria legalidade e, sem prova nenhuma de que os acusados tivessem algo a ver com a explosão em *Haymarket, ditou uma sentença cruel e infame: prisão perpétua e morte.

Trabalhadores presos 

Samuel Fielden, inglês, 39 anos, pastor metodista e operário têxtil, condenado à prisão perpétua; 
Oscar Neebe, estadunidense, 36 anos, vendedor, condenado a 15 anos de trabalhos forçados; 
Michael Swabb, alemão, 33 anos, tipógrafo, condenado à prisão perpétua; 

Em 11 de novembro de 1887, consumou-se a execução (morte na forca) de:

Georg Engel, alemão, 50 anos, tipógrafo. 
Adolf Fischer, alemão, 30 anos, jornalista. 
Albert Parsons, estadunidense, 39 anos, jornalista, esposo da mexicana Lucy González Parsons, ainda que se tenha provado que não esteve presente no lugar, entregou-se para estar com seus companheiros e foi igualmente condenado. 
Hessois Auguste Spies, alemão, 31 anos, jornalista. 
Louis Linng, alemão, 22 anos, carpinteiro, para não ser executado suicidou-se em sua própria cela. 

Esses crimes tinha um só objetivo: não permitir que se estendessem os protestos dos trabalhadores e atemorizar os trabalhadores por muito tempo. Um capitalista de Chicago reconheceu: “Não considero que essa gente seja culpada de delito algum, mas deve ser enforcada”. 

Os três remanescentes receberam sentenças de prisão perpétua que foram revogadas em 1893, quando o governador concluiu que todos os oito acusados eram inocentes.
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* Uma bomba estourou junto ao local onde os policiais estavam posicionados, matando um imediatamente e ferindo outros 7 que morreram mais tarde.
Fonte: Fundação Lauro Campos – Socialismo e Liberdade